O Algarve, a região mais a sul de Portugal continental, é mais conhecido pela sua bela paisagem costeira, clima ameno e elevada qualidade de vida. No entanto, tal como muitas outras regiões costeiras em todo o mundo, o Algarve também está a enfrentar os desafios das alterações climáticas. O aumento das temperaturas, a subida do nível do mar, os períodos de seca e o risco de catástrofes naturais, como os terramotos, estão a alterar não só o ambiente global, mas também o mercado imobiliário. Nesta publicação do blogue, analisamos a forma como estes factores estão a afetar a região e o que os compradores e investidores devem considerar para tomarem decisões informadas.
O Algarve é conhecido pelos seus Invernos amenos e Verões quentes, com temperaturas médias que rondam os 28-32°C no verão e 8-15°C no inverno. No entanto, as alterações climáticas também deixaram a sua marca nos últimos anos. Uma comparação das temperaturas actuais com as de há cerca de 10 anos revela um aquecimento evidente. As temperaturas médias no verão aumentaram cerca de 1-2°C, o que está a contribuir para a seca na região. No entanto, em comparação com outros países do sul da Europa mediterrânicos, o clima continua a ser relativamente moderado, mesmo no verão, e o agradável vento atlântico apoia a perceção subjectiva deste facto.
Para o mercado imobiliário, isto significa que os compradores devem prestar mais atenção a medidas adaptáveis e respeitadoras do clima. Por exemplo, os novos regulamentos relativos à construção incentivam a utilização de sistemas de ar condicionado eficientes do ponto de vista energético, um isolamento de maior qualidade e materiais sustentáveis. Os arquitectos e os promotores imobiliários centram-se cada vez mais em materiais e desenhos que regulam melhor o calor e reduzem a necessidade da utilização de ar condicionado. As energias renováveis, especialmente a energia solar e as bombas de calor, estão a desempenhar um papel cada vez mais importante na redução da dependência das fontes de energia convencionais e estão também a aumentar a atratividade das propriedades sustentáveis.
Outro fator importante é a subida do nível do mar. Estudos científicos demonstram que o nível do mar tem vindo a subir de forma constante nas últimas décadas, o que também se aplica ao Algarve. Nos últimos 100 anos, o nível do mar subiu cerca de 20 cm em todo o mundo. No Algarve, foi registada uma subida média de 2-3 mm por ano nos últimos 10 anos. À primeira vista, isto pode não parecer muito, mas pode ter efeitos a longo prazo, como a erosão costeira, as inundações e a perda de áreas de praia.
Para os proprietários e investidores, isto significa que as propriedades costeiras diretamente junto ao mar ou pouco acima do nível do mar tendem a estar expostas a um risco mais elevado. Para enfrentar estes desafios, a região está a concentrar-se em projectos de proteção costeira, incluindo programas de restauração de dunas para preservar as barreiras naturais. Além disso, as políticas de planeamento local impedem a construção de novas áreas de alto risco ou sujeitam-nas a regulamentos de construção rigorosos. Os investidores devem, portanto, considerar cuidadosamente a localização da sua propriedade e ter em conta os riscos potenciais na sua decisão.
Há anos que o Algarve se debate com a falta de água e as secas, que estão a ser agravadas pelas alterações climáticas. Nos últimos anos, a precipitação na região tem continuado a diminuir, fazendo com que os níveis dos reservatórios de água e das reservas de água subterrânea atinjam mínimos históricos.
Em resposta, o Algarve está a investir em tecnologias de tratamento de água, como centrais de dessalinização e sistemas de reciclagem. Foram também introduzidos programas para promover medidas de poupança de água e sistemas de irrigação eficientes para a agricultura. Além disso, está a ser analisada a possibilidade de canalizar a água de barragens mais a norte, que têm recursos hídricos suficientes, para as regiões mais a sul.
Os compradores e investidores devem ter em conta que a disponibilidade de água pode ser um fator crítico para o valor dos imóveis na região. No entanto, pode resumir-se que o Algarve está a fazer esforços para enfrentar proactivamente os desafios da escassez de água. Embora a seca continue a ser um desafio devido à falta de precipitação, as medidas já adoptadas e outras abordagens parecem muito promissoras para tornar a região mais resistente e encontrar soluções a longo prazo para a escassez de água, tanto para a população como para a agricultura e o turismo. Os compradores e investidores devem, no entanto, estar atentos a estes desenvolvimentos e considerar o potencial impacto nas suas estratégias imobiliárias.
Embora os sismos sejam raros no Algarve, a região está localizada numa zona sismicamente ativa. O último grande terremoto ocorreu em 1969 com uma magnitude de 7,9 na escala Richter. Foi o terremoto mais forte que a região experimentou desde o infame terremoto de Lisboa em 1755. Nos últimos anos, houve apenas uma pequena atividade sísmica que não causou grandes danos. No entanto, os compradores devem prestar atenção aos métodos de construção à prova de terremotos e intempéries, tanto quanto possível, e proteger suas propriedades com seguro.
Apesar dos desafios, as alterações climáticas também oferecem novas oportunidades para o mercado imobiliário no Algarve. Há uma tendência crescente para projectos de construção sustentáveis e amigos do ambiente, que se centram na eficiência energética e na utilização de energias renováveis, como a energia solar térmica ou fotovoltaica, também combinada com uma bomba de calor e um isolamento de alta qualidade. Os compradores e investidores de imóveis que valorizam a sustentabilidade estão a encontrar cada vez mais propriedades no Algarve que cumprem estes critérios. Os subsídios governamentais e os incentivos fiscais encorajam o investimento em projectos de construção sustentável. Estas propriedades podem manter o seu valor a longo prazo e ser mais atractivas para compradores e inquilinos com consciência ambiental.
Os compradores e investidores devem estar conscientes dos riscos climáticos e tê-los em conta na tomada de decisões. Isto inclui investir em zonas mais altos ou menos vulneráveis e avaliar cuidadosamente a qualidade de construção e a resiliência dos imóveis. Os projectos de construção sustentável também oferecem uma oportunidade promissora para investir de forma segura e ambientalmente consciente a longo prazo.
Recomenda-se também trabalhar com especialistas locais que conheçam as especificidades do mercado imobiliário algarvio. Estes podem oferecer informações valiosas sobre as oportunidades e os desafios colocados pelas alterações climáticas. Com uma estratégia bem pensada e um planeamento sólido, os compradores e investidores podem não só minimizar os riscos, mas também aproveitar ao máximo as oportunidades que surgem.